O impacto dos antibióticos nos corais marinhos.

Sejam todos bem vindos ao nosso blog.

Devido a repercussão grandiosa nos grupos de aquarismo em relação ao uso de antibioticos nos reefs, expressarei a minha opinião com base em vários artigos lidos, detro do contexto de sistema imunológico e a distribuição de micro-organismos nos tecidos dos corais, que foi o nosso último tema abordado essa semana.

Hoje, vamos abordar um tema importante e preocupante: os impactos dos antibióticos nos corais marinhos e o que podemos fazer para mitigar esses efeitos.

Já sabemos que os corais são de extrema importância para os oceanos, por fornecerem abrigo, alimento e habitats para uma enorme diversidade de espécies marinhas. Os recifes de corais são considerados os "jardins tropicais" dos oceanos, e eles desempenham um papel crucial na saúde dos ecossistemas marinhos. Além disso, são importantes para a economia e para o turismo em muitas regiões.

Vamos entender um pouquinho as bactérias

A classificação das bactérias pode ser realizada de acordo com vários critérios, sendo os principais a parede celular, formato e arranjo.

As bactérias são organismos unicelulares e procariontes. Apesar de serem bastante conhecidas pelas doenças que causam, elas possuem uma grande importância ecológica: por atuarem na decomposição e no ciclo do nitrogênio, por exemplo, e econômica: sendo utilizadas na indústria alimentícia, médica e até mesmo na área estética.

As bactérias podem ser classificadas de acordo com vários critérios, sendo um deles a parede celular. De acordo com as características da parede celular desses organismos, podemos classificá-los em: bactérias gram-positivas, gram-negativas e micoplasma.

As bactérias gram-positivas possuem uma quantidade maior de peptidioglicano, o que promove maior rigidez e espessura. Ligados ao peptidioglicano, há ácidos teicoicos e lipoteicoicos. Nas bactérias gram-negativas, por sua vez, observa-se uma menor quantidade de peptidioglicano e não há ácidos associados. No grupo denominado de micoplasma estão bactérias que não possuem parede celular.

Entendido isso, vamos agora entender o papel dos antibióticos nesses micro-organismos.

Mecanismo de ação dos antibióticos

Os antibióticos podem atuar inibindo o crescimento ou causando a morte das bactérias causadoras de determinada enfermidade. Como vimos no post anterior, não somente os corais, mas, o aquário como um todo, depende dessa microbiota para se manter em um equilíbrio constante. Cada tipo de antibiótico tem um mecanismo de ação, podendo agir inibindo a síntese de proteínas das bactérias (antibióticos do tipo aminoglicosídeos, estreptograminas, tetraciclinas, entre outros), inibindo a replicação do RNA (rifampicina), bloqueando a replicação e reparo do DNA (fluoroquinolonas e sulfonamidas), entre outros.

A identificação do tipo de bactéria que causa a doença é essencial para determinar o tipo de antibiótico que será utilizado. As bactérias gram-negativas, devido à resistente parede, acabam tendo uma maior resistência à ação do antibiótico, já as gram-positivas podem apresentar cepas resistentes a vários tipos de antibióticos.

O uso indiscriminado de antibióticos contribui para o aumento da resistência bacteriana.

As bactérias são organismos que se reproduzem de forma rápida e podem trocar material genético com diferentes espécies de bactérias. Além disso, as bactérias também sofrem mutação, o que ocorre de forma natural. Diante disso, as bactérias podem originar descendentes que apresentam características que lhes conferem resistência a um determinado tipo de antibiótico.

Como elas se reproduzem de forma rápida, em pouco tempo podem ser originados milhares de indivíduos resistentes. Essas bactérias resistentes ficaram por muito tempo restritas a ambientes hospitalares, entretanto, atualmente elas poderão estar circulando entre as comunidades aquaristicas. Isso se deve, principalmente, pelo uso inadequado de antibióticos que com o passar do tempo fará com que os aquários desenvolvam "super bactérias" nos trazendo muitos problemas futuros.

Agora que já entendemos um pouquinho as bactérias e o mecanismo de ação dos antibióticos em relação às mesmas, o que você acha que acontece quando você utiliza esse tipo de medicamento em seu aquário sem ao menos saber quais bactérias estão presentes, em um volume tão grande que chega a se tornar patogênica, causando um desequilíbrio e passa a atacar os seus animais?

Pois é! Vc que já tem um animal fragilizado pelos inumeros fatores estressores, o expõe mais ainda quando adiciona esse tipo de medicamento em seu reef.

Estudos científicos têm mostrado que a exposição aos antibióticos pode levar a uma série de impactos negativos nos corais. E um dos principais efeitos disso é a DISBIOSE (desequilíbrio bacteriano). Isto é, quando o número de bactérias patogênicas, é superior ao número de “bactérias do bem” ou comensais.

O radical da palavra comensalismo deriva do termo em latin COMMENSALIS e significa "dividir a mesa".

A exposição aos antibióticos, pode levar à morte seletiva das bactérias nos tecidos dos corais, resultando em uma cascata de desequilíbrio, comprometendo a capacidade dos corais de obter nutrientes, resistir a doenças e se recuperar desses eventos, porque vimos acima que o uso indiscriminado desse tipo de medicamento poderá aumentar a resistência dessas bactérias, criando super-bactérias que posteriormente poderão infectar os nossos animais, para isso só é preciso apresentar a elas as condições ideais, e isso, representa um sério risco a saúde dos nossos reefs.

Felizmente, há medidas que podemos tomar e em minha opinião a melhor delas é incentivar práticas sustentáveis no hobby, reduzir o uso desnecessário de antibióticos, investir em alternativas naturais como:

• Melhorar temperatura

• Qualidade de água

• Manutenção e limpeza de equipamentos...

São apenas alguns detalhes que farão uma grandiosa diferença na saúde do seu aquário como um todo.

Pense sempre: reef feliz, você feliz!